segunda-feira, 30 de junho de 2008

O lado escuro do Portishead


Não são apenas as palavras em português que irão surpreender o fã do trio inglês Portishead. A sonoridade do grupo que lançou as bases para o chamado trip-hop, também. Em Third, primeiro álbum de inéditas em 11 anos, o Portishead volta mais maduro, ousado e desafiador. É um disco instigante, e bem distante da ingenuidade dos dois primeiros discos.

Surgido em Bristol, Inglaterra, no começo dos anos 1990, o Portishead surpreendeu meio mundo com músicas tristes e sentimentais, apoiadas nos vocais melancólicos de Beth Gibbons e na habilidade dos músicos Adrian Utley e Geoff Barrow, que mesclavam as letras entoadas por Beth com bases que iam do jazz à batida de hip-hop (graças a Deus, eles desprezavam os vocais falados do gênero) em poucos – e lentos – acordes.

Dummy, lançado em 1994, é considerado um dos mais importantes álbuns daquela década. Seguiu-se o homônimo Portishead (1997), um pouco menos elogiado que seu antecessor, e a banda parou. Ainda gravaram um CD/DVD ao vivo (PNYC - live), de 1998, e cada um foi cuidar da sua vida – curioso é que de toda essa discografi a, apenas o DVD chegou a ser lançado no Brasil. Os três CDs permanecem inéditos por aqui.

A volta do Portishead era aguardada com ansiedade pelos antenados fãs, espalhados no mundo inteiro. Esses fãs, no entanto, irão sentir o impacto do novo trabalho, que sai no Brasil, em CD, via Universal. “O álbum é como assistir a Lost, uma viagem que nunca acaba”, resumiu Barrow.

De fato, o Portishead que se ouve em Third é bem mais viajandão. Tem os elementos que fizeram a fama do grupo, como as batidas e os vocais tristes de Gibbons. Mas os arranjos, mais eletrônicos do que nunca, povoam sentimentos mais angustiantes e sombrios. Trata-se de uma viajem ao lado escuro do grupo.

Musicalmente, Third é mais elaborado e musicalmente mais rico que seus antecessores. Uma áurea mística toma conta do trabalho, já na abertura. “Silence” tem, cravados, cinco minutos. Abre com os dizeres: “Esteja alerta para a regra dos três. O que você dá retornará para você. Essa lição você tem que aprender. Você só ganha o que você merece”, assim mesmo, em português. A voz é de um professor de capoeira brasiliense, radicado em Bristol há quatro anos.

“Silence” parece instrumental. Os vocais de Beth entram lá na frente, e saem rapidinho.
As viagens com guitarra e sintetizadores se assemelham a um passeio de montanha-russa assombrada. Provoca uma sensação esquisita e, ao mesmo tempo, fascinante
para quem esperava ouvir algo como “Glory box”.

O disco segue com timbres inventivos e a música eletrônica sempre em primeiro plano, criando desde climas etéreos (“Hunter”) até angustiantes (“Plastic”, “We carry on”), carregados de uma sinfonia apocalíptica. “Deep Water” está estrategicamente no meio do CD. É quase uma vinheta acústica, apenas com vocal e banjo, que acalma o ouvinte para o mergulho seguinte, a Kraftwerkiana “Machine gun”, e o seguinte, a psicodélica “Small”, até terminar com “Threads”, uma das poucas que lembram os velhos tempos do grupo.

O Portishead soube voltar com estilo. Nada de recuar no tempo e trazer de volta velhas fórmulas. Soube ousar e acertou em cheio. Olhando hoje, Third não soa tão inventivo quanto Dummy foi, há quase 15 anos. Mas o Portishead maduro e futurista que poderíamos imaginar está lá, no CD prateado, marcando mais um ponto para uma banda que sabe aonde quer chegar.

Quer ouvir Portishead? Clique aqui

* Texto que eu fiz para a edição de domingo (29.junho.2008) no Jornal da Paraíba. Crédito da foto: Benoit Peverelli/Universal Music

Filmes e Playstation!


O sábado foi de decoração e apartamento.

No domingo, vitamina C, filmes e até Playstation!

Pois é, resolvi pegar emprestado um PS2 (é assim que vocês, jovens, chamam, não?!). A idéia era ligá-lo no home-theater e jogar 'Gods of War' em 5.1, mas eu não fui muito feliz não.

O PS2 não tem entrada indepentende de áudio. Vídeo e áudio tem uma saída só, num cabo - como eu chamo aquilo??!! hummm... - um cabo que tem um determinado plug na ponta e o tradicional RCA (aquele vermelho, branco e amarelo). E tudo colado. Daí tive que botar na TV, e depois pegar outro RCA de áudio e jogar da TV pro HT. Não ficou 5.1

Alguém sabe como eu jogo PS2 em 5.1?

Ah, quanto aos filmes, aqui vai a listinha:

- Apenas Uma Vez (Once) - É um filme independente, que chegou a ganhar o Oscar por Melhor Canção Original em 2007. Meu amigo Berg, fotógrafo lá do JP, fez um curso em Nova York e conheceu o astro e autor das canções e acabou descolando um autógrafo para mim - tá na foto aí de cima. Eu achei o filme meio chatinho.

- Escolhas Erradas (American Crude) - Acabou de chegar às locadoras. Tinha tudo para ser bom: comédia policial onde várias histórias – dos personagens mais bizzaros que temporada (um velho pedófilo, dois mexicanos malucos, uma ex-presidiária sexy, uma transexual e por aí vai) – convergem para um crime. Mas nem o elenco conhecido - Rob Schneider (‘Gigolô por Acidente’), Michael Clarke Duncan (o grandalhão de ‘À Espera de Um Milagre’) e Jennifer Esposito (‘Táxi’), entre outros - segura a fita.

- Jogo de Amor em Las Vegas (What Happens in Vegas) - Esse eu e Lílian fomos ver no cinema. Estrelada por Cameron Diaz e Ashton Kutcher. Isso lhe diz alguma coisa?! Comédia romântica para ver no final da tarde de domingo mesmo e fazer uma média com a patroa. Mas, garotos, podem ir que é diversão garantida sim.

- Lust, Caution (Se, Jie) – O tão premiado drama de Ang Lee (vencedor do Festival de Veneza de 2007) foi o último da leva, mas só agüentamos metade, vencidos pelo cansaço. A primeira metade lembra ‘O Que é Isso Companheiro’. É sobre um grupo de reacionários que, durante a invasão japonesa sobre a China, na II Guerra Mundial, planeja assassinar um importante político, peça-chave da ocupação. Parece promissor. Mas agora vou ter que voltar pro início e ver de uma talada só.

domingo, 29 de junho de 2008

Apartamentos aptos para morar

Bom dia, domingo!

Agora, depois de melhorar da gripe e, finalmente, assoar o ouvindo na base de medicamentos, eu voltei a minha disposição habitual. Voltagem completa. Mas até sábado, meu ouvido esquerdo estava completamente tampado. É uma sensação bem esquisita essa de não conseguir ouvir graves, médios e agudos.

E foi numa manhã de sábado que eu fui atrás de apartamentos aptos. para morar!

Mas a jornada começou numa... decoradora!

Quer um conselho: não invente de casar, pelo menos dessa maneira de véu, tulipas, mesa de cafezinho, balada para os amigos e whiskey importado e sair procurando apartamento para comprar, tudo junto, e ao mesmo tempo. Não faça isso. Dá muito trabalho e vai se tornando uma coisa muito chata. E acredite: procurar apartamento é muito legal... nos primeiros três dias. Depois de seis meses e algumas dezenas de apartamentos, você enche o saco.

Fui a decoradora porque Lílian estava lá, pegando um orçamento. É um papo extraterrestre para mim: tulipa, árvore francesa, cristais swarovski e gérberas. As únicas palavras que eu consegui distinguir ali foram: bonequinhos dos noivos. Acho que são aqueles que ficam em cima do bolo, não?

No momento seguinte, eu, Lílian e dois corretores já estávamos discutindo sobre tampas de vaso sanitário em plena obra de um prédio que está em acabamento numa região central de João Pessoa.

Me diga quem diabos emenda papo sobre gérberas, a importância de Maysa para a música brasileira (ao som de ‘Canecão Apresenta Maysa’, que rolou no carro, entre a decoradora e a imobiliária) e tampas de privada em menos de meia-hora?!

Aliás, me diga quem diabos ouve Maysa, dentro de um carro, rodando por João Pessoa, numa manhã ensolarada de sábado??!!! (e com o ouvido esquerdo tampado!)

Enfim, comprar apartamentos não é para: a) amadores; b) ansiosos; c) deslumbrados e, descobri muito a contra-gosto, d) lisos como eu!

Como já falei em textos anteriores, o mercado imobiliário João Pessoa tem passado, de um ano para cá, um boom de preços que não pára de subir.

Lembro que recebi dois jornalistas pernambucanos para um café-da-manhã de negócios em março do ano passado. Um deles tinha acabado de comprar um pequeno apartamento no Recife e quis saber como andava o mercado aqui. Eu falei que com 80, 100 mil reais, ele iria morar bem, apê de 110 metros quadrados, em bairro bacana de João Pessoa. Seis meses depois daquela conversa, ele já teria que desembolsar, pelo menos, 150 mil para um apartamento assim e hoje, por 100 mil, você só consegue apartamentos velhos, caquéticos ou então novos, daqueles de três andares (os chamados caixõezinhos), sem elevador, com vizinhos fazendo churrasco na sua porte e ouvindo (argh) “Chupa que é de uva”, enquanto você sobe quatro lances de escada com a feira na cabeça.

Eu e Lílian somos bem exigentes em relação ao lugar que a gente vai morar. Afinal, a gente tá deixando o conforto dos nossos lares para morar em qualquer muquifo? Não vejo muita lógica nisso. Morar num lugar onde as pessoas se sintam bem é fundamental. Não precisa ser o Taj Mahal ou a mansão do magnata William Hearst (que inspirou o clássico Cidadão Kane, de 1941), o casebre de 26 mil metros quadrados colocado à venda dia desses pela bagatela de 165 milhões de dólares.

O problema é que, por 100 mil reais, tá difícil encontrar: a) um apartamento do quarto andar para cima (e olha que de 2 quartos já está valendo); b) um prédio com aparência legal (e olha que a gente nem se importa de bancar um condomínio um pouco mais salgado); c) que seja bem localizado (tenha um mínimo de infra por perto, para quando o carro der pau); d) Tenha uma vizinhança legal, com o mínimo de gente sem noção (ítem importantíssimo); e) não seja um forno, tenha ventilação e eu não precise desidratar fazendo a faxina no sábado) e f) tenha elevador. Piscina, sauna, academia, bosque com maçãs verdes, gnomos no jardim e lagos com peixinhos dourados estão dispensados).

Dar uma bolada num lugar onde você vai morar pelos próximos 10, 20, 50 e, oxalá, 100 anos, e ainda passar boa partes desses anos bancando isso, requer uma análise minusciosa do que você tá comprando. Imóvel não é aquilo que você volta na loja no outro dia e diz que quer o seu dinheiro de volta. Por isso, eu e Lílian somos bem exigentes e temos aprendido bastante com essas visitas aos mais diversos prédios de João Pessoa.

Algumas observações nesses seis meses de procura:

1) Todo corretor subestima a capacidade do comprador. Não sei, mas tenho a impressão que isso acontece com mais freqüência com jovens casais que vão às imobiliárias de jeans, camiseta e carta de crédito da Caixa Econômica na mão.

2) Todo corretor quer, ou lhe vender um apartamento 40 mil mais caro do que o que você tem na mão, ou lhe vender o apartamento que você não quer de jeito nenhum.

3) Todo corretor, por mais legal, divertido e inteligente que possa parecer, quer sempre vender o gato por lebre. Aquele apartamento que é “o” achado, ele já ligou pro irmão, primo, amigo, vizinho, o diabo a quatro avisando. Assim, ele vai te levar para os que ninguém mais quis, e de tanto você ver do mesmo tipo, acaba fechando no “menos ruim”. Nessa, eu não caio.

4) Mas, claro, todas essas observações valem para mim, que só posso comprar até 100 mil. Se você tiver 200 mil, ai já vai encontrar, mesmo nas mãos dos corretores, ótimos apartamentos em João Pessoa. Outra boa opção (que estamos levando em consideração) é comprar o apartamento na planta. Mas tenha cautela e leve muito em consideração a construtora, no sentido de que você vá receber o apartamento tal qual foi vendido. Nessas circuladas, vi muita construção abandonada e histórias de construtoras que deram no pé.

5) Por outro lado, tem uns poucos e bons corretores, e acaba rolando uma afinidade tão legal que eles passam, realmente, a ficar de olho num achado para você. Seja gentil e atencioso com os corretores que lhe forem assim também, nem tenha medo de ficar amigo dos que lhe parecerem bem confiáveis.

6) Os classificados de jornal são a melhor opção, atualmente, para quem tem carta de crédito. O mercado é dinâmico e as pessoas que botam seus imóveis para vender não procuram sites, ou blogs, ou mandam cartinhas para quem tem cadastro na Caixa. Vão, pessoalmente, aos bons e velhos jornais comprar os tijolinhos dos classificados.

Mas, como diria um velho sindicalista que tornou tudo isso que vocês leram impossível para a classe média trabalhadora, a luta continua, companheiro!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

CDs que chegaram na redação




Manhã chove-não-chove, nariz e ouvido entupidos - nunca vi coriza em ouvido. Hoje eu vi, só faltou assoar – e eis que chego à redação do JP e me deparo com alguns envelopinhos.

Dentro deles, os seguintes CDs:

Donna Summer – “Crayons” (Sony-BMG) – A diva disco está de volta. Mas o CD ainda está lacrado.

MGMT – “Oracular Spetacular” (Sony-BMG) – Confesso que nunca ouvi falar. Esse eu abri logo. A estampa dizia que é uma mistura de psicodelia, rock, indie e eletrônica. Ouvi muito superficialmente, gostei de umas coisas, mas no geral, me pareceu que faltou alguma coisa. Gostei mesmo foi da capa e da contracapa, bem menos pretensiosa que o som.

El Niño – “El Nino” (MZA/Oi Musica) – Projeto do surfista Teco Padaratz para fazer sucesso na cola do Jack Johnson. Mas achei tão ruim que parei na terceira faixa. Devo retomá-lo na segunda-feira, porque na quarta tem entrevista com o cara.

Khristal – “Coisa de Preto” (indepentende) – Ah, este aqui me surpreendeu. Veio só o CD, sem release nem nada. É uma cantora potiguar que faz ótimas versões para cocos e clássicos da nossa cultura regional. Clássicos mesmo. Tem Cátia de França, sucessos de Jackson do Pandeiro e grandes autores nordestinos. A moça desenvolve bem e recria essas peças de uma maneira leve, criativa e contemporânea. É um disco bem para cima, longe dessa coisa de "precisamos resgatar nossas raízes porque isso é importante". Ela parece gostar de verdade da coisa e isso torna a audição de "Coisa de Preto" bastante prazerosa. E olha que eu nem gosto desse gênero regional, héim?! Dá uma chegada no MySpace da moça: http://www.myspace.com/cantorakhrystal

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O Prozac acabou com a música brega


Escrevi este texto para a edição do dia 14 de dezembro de 2006 do Jornal da Paraíba. Mexendo no baú, encontrei-o. Divirtam-se e comentem!

De uma coisa eu tenho certeza: o Prozac acabou com a música brega. Não a música do Roberto Carlos ou do Chitãozinho e Xororó, que são bregas. Mas o gênero “brega”, aquela música dor-de-cotovelo que sai do fundo do poço das angustias do ser traído, enganado, iludido. Um mundo onde Reginaldo Rossi é apenas entretenimento, uma caricatura superficial dos dramas que perseguem o ser humano desde que Eva trocou Adão por uma maçã (foi isso, não foi?!) no primeiro caso de adultério da história da humanidade.

Dia desses, dei um tempo no acid jazz, downbeat e alt-country para mergulhar nesse universo triste e melancólico, de arranjos pobres, chinfrim, mal tocadas notas de bolero e samba-canção. Saí perambulando pelas ruas do Centro de João Pessoa em busca de LPs de Agnaldo Timóteo, Augusto César, Carlos Alexandre, Diana, Evaldo Braga e Waldick Soriano, entre outros. Tirei a poeira dos velhos LPs e fui ouví-los com atenção. Nossa, como esses caras sofriam de verdade! Como esses caras amavam, apaixonavam-se, e suas dores viravam verdadeiros lamentos bergmanianos, destilados em versos como: “Amor proibido / A minha maneira é autenticidade / Vou ficar contra o mundo / Já ficou entendido / Que amor como o meu / É amor de verdade”. Isso na excelência vocal de Timóteo, pontuado por backing vocals e violinos, que se não são um primor erudito, emulam uma certa elegância kitsch. Uma espontaneidade perdida ao longo das últimas décadas.

O Prozac, a indústria e os relacionamento “fastfood” acabaram com a boa música brega. Acabaram com o choro e com a vela. Quem são os “cornos” dos últimos 10, 20 anos? Não saberia dizer nenhum que caísse no gosto popular com tamanha autenticidade como dos nossos heróis de antigamente. A Música Popular Brasileira não criou mais nenhum ícone brega, nenhum novo Carlos André, Paulo Sérgio, Lindomar Castilho. A música romântica se tornou baba, profissional demais. Perdeu a inspiração. Não há mais clássicos como “Monotonia” (Amado Batista), como a penosa “Vontade de voltar” (Balthazar) e a debochada “Já troquei você por outra” (Carlos Alexandre), sem falar nos hinos “A cruz que carrego” (Evaldo Braga) e “Você não me ensinou a te esquecer” (na voz chorosa de Fernando Mendes, claro). E que fim levaram cantores como Altemar Dutra, o próprio Evaldo Braga e Nelson Ned, com suas vozes encorpadas e seus trejeitos de barítono?

Esse negocio do Prozac é fogo. Você acha mesmo que Genival Santos teria feito “Eu não sou brinquedo” se fosse adepto do anti-depressivo? Ou que Amado Batista teria composto “Amor perfeito” numa euforia química? Quem toma Prozac, vira Bruno & Marrone. A música brasileira sente falta desses temas viscerais, essas coisas que vêm das entranhas, da natureza do homem que se vê desiludido com a amada, a quem tanto dedicou carinho, atenção e respeito.

E aí como profetizou Bartô Galeno, da época de ouro da música brega, “Só lembranças”... Enquanto isso, sento num banquinho no Mercado Central, peço uma meiota e anuncio o playlist com meus dez bregas favoritos: “Apenas um trago” (José Ribeiro), “Quem é” (Agnaldo Timóteo), “Eu não sou lixo” (Evaldo Braga), “Monotonia” (Amado Batista), “Tudo passará” (Nelson Ned), “Castiga-me” (Roberto Muller), “Agora quem parte sou eu” (Paulo Sérgio), “Quem ri por último, ri melhor” (Ronaldo Adriano), “Você é doida demais” (Lindomar Castilho) e, para fechar, “Esta noite eu queria que o mundo acabasse”, na voz de Waldick Soriano. Tin-tin!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Zumbis em Santa Luzia!

Estou gribado! Axa saco!

Arrasta-pé levantou a poeira e quem se lascou fui eu!

Enfim, para resumir beu São João, foi muito mel de abelha, rubã e vitamina C.

Sorte o laptop ter ido junto. Daí pude ver filminhos. Entre eles, o divertidíssimo ‘Zombie Strippers’.

Ah, eu gosto de filme trash, pô!

E se você também gosta, vai gostar desses aí.

‘Zombie Strippers’, inédito no Brasil (deve sair direto em DVD) é bem feitinho. Bem feitinho, no mundo trash, é um elogio que se dá quanto o filme diverte pelas piadas ridículas, pelas mocinhas bonitas e tem uma iluminação legal (porque uns são tão toscos e escuros que ficam até ruins de enxergar).

O enredo: militares (sempre eles) desenvolvem uma arma biológica para criar super soldados. A tal arma escapa na forma de vírus que mata as pessoas e depois as ressuscitam na forma de mortos-vivos comedores carne humana.

Atchim!

Acontece que, não se sabe por que cargas d’água, esse laboratório fica ao lado de uma casa de strip-tease. Lá, as duas maiores strippers do pedaço se estranham. Quando um zumbi resolve dar um tempo no lugar, após um dia de duro de trabalho, acaba contaminando uma das strippers, que vira uma super-zumbie-stripper que faz o maior sucesso entre a rapaziada do lugar.

Pouco tosco não, graças à Deus!

Por que ver?

1) Porque as meninas são muito gatas – apesar de que as mais gatas, não tiram nem uma lasca da roupa;
2) Para dar boas risadas – você não achou que iria sentir medo num filme assim, achou?
3) Porque tem Robert Englund, que já foi Freddy Kruegger no cinema;
4) Porque tem um servente mexicano no clube simplesmente hilário.

Dá uma procurada na net que você encontra facinho para baixar.

Atchim!

sábado, 21 de junho de 2008

Vou ali e volto já

Estou saindo agora de João Pessoa para Santa Luzia. Uma viagem de 260 quilômetros, de carro, embalada por uma trilha sonora de primeira.

É cidade dos meus pais e que, tradicionalmente, tem um dos melhores festejos juninos aqui da Paraíba.

Vou aproveitar a viagem para dar início a um projeto meu que era para ter começado no ano passado. Por enquanto, é segredo.

Vou tentar postar alguma coisa de lá relativo ao São João ou a região. Algum fato notável, de preferência.

Mas na semana que vem, este blog vai ter bastante novidades.

Dus delas:

* Os bastidores da minha entrevista com Tom Zé (a matéria estará no Jornal da Paraíba deste domingo)

* Uma tese curiosa que desenvolvi: o Prozac acabou com a música brega.

Stay tune for more rock 'n' roll.

E um ótimo São João para todo mundo!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Em tempos de São João...


Morreu na manhã desta sexta-feira o ator André Valli.

Em tempos de festa junina, o Visconde de Sabugosa virou canjica...

Humor negro, eu sei, mas uma sacada bastante espirituosa do querido Astier Basílio.

Vai dizer que você não riu?

Vou voltar para minhas páginas. Quando tem feriado, a gente faz um "pescoção" para adiantar o jornal e poder viver como gente, né?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Enfim, Max de Castro faz sua estréia em João Pessoa


Acabo de chegar do show de Max de Castro. É a primeira vez que ele se apresenta em João Pessoa. Mas não deu 100 pessoas. :-(

Max é um dos melhores compositores e arranjadores da geração 'Trama'. Ou seja: essa garotada de 30 e poucos anos que fez a fama da gravadora do João Marcelo Boscoli no começo dos anos 2000. O time era dos bons: Max, o irmão dele, Wilson Simoninha (sim, ambos filhos do grande Wilson Simonal), Jair Rodrigues, Patrícia Marx (cujo primeiro disco foi bastante subestimado), Nação Zumbi, DJ Patife, Pedro Mariano e toda essa turma.

Em dez anos, Max de Castro produziu quatro discos, um deles, 'Orquestra Klaxon' (2002), uma verdadeira obra-prima.

O problema é que essa turma ficou restrita a uma meia-dúzia de entenditos e pronto. Pouca divulgação e, por conseqüência, pouco acesso fora dos espaços moderinhos do eix0 Rio-São Paulo. Ficou naquele de"a história fará justiça ao nosso legado". E aí?

E aí que tinha menos de 100 pessoas no show de um dos mais talentosos compositores da atualidade.

Mas é assim.

É sabido que, quando Elis Regina esteve em João Pessoa pela segunda vez, num show produzido pelo jornalista Carlos Aranha em uma noite chuvosa de 1979, ainda por cima do Cinema Municipal (no tempo que cinema ainda tinha palco!), não deu ninguém.

Elis Regina, senhoras e senhores, Elis Regina.

Max veio a João Pessoa através do projeto Seis e Meia. O esquema é bem enxuto: Max cantou e tocou guitarra com um power trio (o baixista Samuel Fraga e o baterista Robinho). Quem dera viesse com o naipe de metais que integra sua banda.

Cantou as coisas boas dele ("Samba raro", "A história da morena nua que abalou as estruturas do esplendor do carnaval" - que tem música de Max e letra de Erasmo Carlos- e até uma palhinha de "Os óculos escuros de cartola") e mostrou seu lado interprete levando o público a requebrar ao som de Jorge Ben, Lulu Santos, Paralamas, Bob Marley e até Dona Ivone Lara, entre outros.

Fez a rapaziada decorar o refrão de "Demorou", anunciando que estará no seu próximo álbum (que deve ser lançado no segundo semestre, ainda sem nome). No backstage, confidenciou que era uma música de Elton Medeiros, que ele achou num disco bem antigo.

O cara é realmente foda. Mas o show renderia mais, com público maior e a banda completa.

Nesta quinta-feira, o trio se apresenta no Teatro Severino Cabral, em Campina Grande.

Depois do show, Max disse que quer dar uma conferida no Maior São João do Mundo.

"Dizem que é uma loucura lá", comentou. "Você tem que dançar um forrozinho", rebati.

Abaixo, duas palhinhas da apresentação de João Pessoa: "Samba raro" e "Que pena" (de Jorge Ben Jor)






terça-feira, 17 de junho de 2008

Cachorro que late...


Hoje chegaram três livros que eu pedi no site da Saraiva no domingo à noite.

Que rápido!

São dois de cibercultura e um sobre música.

São eles:

- As Tecnologias da Inteligência' de Pierre Lévy
- Hamlet no Holodeck - O futuro da narrativa no ciberespaço, de Janet H. Murray
- Eu Não Sou Cachorro, Não, de Paulo César Araújo

Você deve estar se perguntando: o que eles têm em comum? (além de terem sido indicados, os três, pelo meu professor de cibercultura, José Carlos Ribeiro)

Bem, os dois primeiros são para minha monografia da especialização. Entrando na pós 'Redação Jornalística' e acabei me deparando com esse fantástico mundo de Bob chamado cibercultura. Me amarrei geral, com fios de cobre, é claro!

Sempre tive uma tendência nerd, covenhamos. De modo que embora não tivesse uma visão acadêmica da coisa, tenho entre meus filmes favoritos 'Blade Runner', enquanto fitas como 'Tron, Uma Odisséia no Espaço' e 'Jogos de Guerra' me deixavam grudados em frente à TV quando eu era moleque.

Ah, e também sei que o Atari Teenage Riot tem um disco chamado 'Cyberpunks Are Dead', que nunca saiu no Brasil.

Essas coisas são familiares a você também? Junta-se ao clube, oras!

Quanto ao terceiro, bem o terceiro é um livro que eu já sacava há um tempo. Se você está imaginando que se trata da biografia da música brega brasileira, acertou em cheio. É também uma defesa do Paulo César do gênero. Logo na introdução, o autor deixa claro que se trata de uma defesa desses artistas abnegados como importantes guerrilheiros contra a Ditadura Militar, que colocaram sua música a serviço do povo brasileiro, assim como Gil, Chico e Caetano.

Quer dizer então que cachorro que late, morde?!

Vamos ver no que é que dar.

Este, eu acho, é o primeiro livro do Paulo César de Araújo. Sabe qual é o segundo? O "proibidão"! A biografia não autorizada do Rei Roberto Carlos.

Pra você ver: de brega, o cara entende.
(brincadeira, Sílvio Osias!)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

GPS contra o engarrafamento (ou não...)


GPS. O melhor invento depois do celular e da internet. Já vem de fábrica em carros e aparelhos celulares. Mas você também pode comprar avulso e é relativamente barato: 500 reais, em média.

Eu acho ótimo quando dizem que o GPS vai me dar, em tempo real, e por satélite, informações sobre o trânsito.

Se eu saio da redação do Jornal da Paraíba, no Centro, e vou para minha casa, em Manaíra, o aparelhinho vai me dizer que é melhor ir pela Beira Rio, porque um terço da Epitácio Pessoa está engarrafada.

Então nesse dia, eu vou pela Beira Rio.

O problema é que João Pessoa não está preparada para o GPS.

Não sou engenheiro de tráfego, mas também não sou lá muito burro, a ponto de perceber que, se todo mundo tiver um GPS como hoje nós temos um celular, vai ser um pandemônio, na medida em que o GPS vai dizer para todo mundo basicamente a mesma coisa.

Vejamos:

Se você mora em João Pessoa e sai do trabalho às 18h - como a maioria dos mortais - e o trabalho fica no Centro e sua casa, em Manaíra (e a população de Manaíra tem aumentado exponencialmente, graças a construção desenfreada de arranha-céus, transformando-a numa espécie de Boa Viagem ou Copacabana) você terá apenas três avenidas para isso: Epitácio Pessoa (a escolha da grande maioria), Tancredo Neves e Beira Rio (uma rota um pouco mais longa) - veja rota em vermelho no mapa acima.

Por incrível que pareça, essas são as três únicas avenidas que cortam a cidade do centro até os quatro bairros da praia - Cabo Branco, Tambaú, Manaíra e Bessa. São retas (ou quase isso) e não possuem vias de escoamento nem nada que possa aliviar o trânsito.

Se o seu, o meu e o GPS de todo mundo, diz ao mesmo tempo que temos que ir pela Tancredo, porque o trânsito na Epitácio e na Beira Rio estão lento, então todos nós vamos para a Tancredo E o que vai acontecer? Congestionamento. E aí, uma vez preso no congestionamento, o GPSinho lindo vai dizer que, naquele momento, a Beira Rio vai estar vazia como um saco de ar. E ai quem estiver na Tancredo e na Epitácio vai fazer malbarismos para chegar a Beira Rio. E quando chegar lá todo mundo junto, já viu, né?!

Não sei o que as autoridades competentes vão fazer a respeito. O GPS já está aí e será usado indiscriminadamente. E com certeza, situação assim vão acontecer aos montes. E não vai demorar muito não, viu?! Talvez já seja preocupação para o primeiro ano de mandato do novo prefeito.

Afinal, a coisa já começou.

sábado, 14 de junho de 2008

A Revolução dos Bichos

Poucos são os livros que eu compro e não leio.

Um que eu não li - ainda - é 'A Revolução dos Bichos', de George Orwell, que comprei numa promoção na web, ou para completar os 99 reais para o frete grátis. Algo assim.

Acho que nele estarão algumas respostas para essa cachorrada que a gente vê hoje em dia.

No almoço, eu, Lílian, minha amiga Ana Lúcia e a mãe dela conversávamos descontraidamente sobre zebrinhas listradas, coelhinhos peludos e bichinhos de estimação.

(alguns textos atrás, eu falava que Lílian estava tentando comprar um cachorrinho de 1.200 reais. Veja bem, 1.200 reais).

Daí entre as listas de desejo de Lílian - que incluem um cachorro de 1.200 reais que ela já batizou de Tody, um macaco chamado Chulé, um pingüin chamado Prego e ainda um furão de nome... de nome... como era mesmo o nome? Ah, esqueci! Mas entre um bicho e outro, Ana disse que o gato dela estava com gengivite.

Gengivite!

Leva gato ao médico (quero dizer, veterinário), compra remédios (caros) e pomadinhas.

Ah!

A dálmata que Lílian cria na casa dela está tomando remédio tarja preta. Faz idéia?! Tá com depressão e caminhando para obesidade mórbida.

Fora a história de uma macaca que não podia comer determinadas frutas que o pelo cai. Só come as recomendadas pelo vete. Ou outro gato que só come carne - sem sal e sem gordura!

OK. Nunca tive bicho algum. Tive um peixinho dourado, quando criança, que durou dois dias. E sempre fui mais ligado em TV, videogames, apartamento e asfalto do que em mato e bicho.

Mas que bichos são esses, meu Deus do céu?! Bicho com deprê??! Gato com frescura. Cachorro tarja preta.

Já tô até imaginando: o rato chega do terapeuta (ou um vete-terapeuta) e diz que está com mania de perseguição?! Ou que tem alergia a veneno para rato. Pelamordedeus!

Esses bichos estão tão danados que eu tenho medo de começar a criar um cachorro e, quando voltar para casa, ele está sentado na minha poltrona, vendo meus DVDs ('Fritz, The Cat'- será?) e (mais grave), tomando as minhas cervejas!

Foi-se um tempo que, no máximo, o dono do bicho dava de cara com um sofá todo mordido.

Mas não pense que é delírio não. Em Brasília, uma cidade não muito longe daqui, antas, aves de rapina, porcos chauvinistas, burros e cavalos batizados estão administrando esse país. E antes fizessem só cocô no tapete. Tem bicho que faz até CPMF.

Então, George Orwell, pode ou não pode um cachorrinho peludinho sentar no sofá e ver TV?!

Bicho fede. E muito.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Mada terá Sepultura, Rappa e Pato Fu




Sepultura, O Rappa, Pato Fu (de cinema para baixo) e ainda Seu Jorge e Lobão serão algumas das atrações da edição de 10 anos do Mada – Música Alimento da Alma.

Uma fonte bem segura garantiu que esses nomes estarão no festival, que oficialmente só confirmou os nomes de Malu Magalhães (SP), cantora e compositora paulistana de 14 anos, considerada uma das grandes revelações deste ano, as potiguares Brand New Hate, Lunares, Isaac e a Síntese Modular, Rosa de Pedra e BarbieKill, além da carioca Macanjo, vencedora da seletiva Mada Laboratório Pop.

Sepultura e O Rappa estão em estúdio gravando discos novos (O Rappa, aliás, promete lançá-lo em agosto). Pato Fu chega em Natal com a turnê ‘Daqui Pro Futuro’ e Lobão mostra por lá o seu ‘Acústico MTV’.

O Mada – que é um dos festivais de música pop mais legais do país – acontece nos dias 14, 15 e 16 de agosto, novamente na Arena do Imirá, em Natal, RN.

Atrelado ao festival, vai de 30 de junho a 5 de julho a 7ª edição do Curta Natal, que este ano receberá filmes de longa-metragem, além de suas tradicionais mostras competitivas.

Já nos dias 25 e 26 de julho rola as seletivas Radar Indie, que irá escolher bandas para se integrar à programação deste ano.

É bom ficar ligado no www.festivalmada.com.br

quarta-feira, 11 de junho de 2008

O disco novo do Coldplay


Este é um texto que eu escrevi sobre o novo disco do Coldplay para a edição desta quarta-feira no Jornal da Paraíba:

Não é fácil compor três discos e chegar ao patamar de ‘a maior banda do planeta da atualidade’ (depois do U2, claro). Fazer sucesso e amadurecer, procurar se descobrir enquanto músico e explorar os limites da sua própria criação são bastante comuns a quase todas as grandes bandas de música pop do planeta quando se chega ao patamar do Coldplay. Então, com eles não haveria de ser diferente.

O quarteto inglês teve uma estréia promissora em 2000 com 'Parachutes', de onde saíram hits como “Yellow” e “Trouble”, baladas melancólicas que alcançaram o gosto da garotada em todo o globo. A banda reafirmou seu talento com 'A Rush of Blood to the Head', que saiu dois anos depois, levando canções como “In my place” às paradas de sucesso e dando fama mundial ao Coldplay. Depois de atingir o topo, eles começaram a busca por novos horizontes em 'X&Z', lançado há três anos.

O quarto álbum da banda vem sendo aguardado – e até anunciado – desde então. Esse disco já chegou. Se chama 'Viva La Vida or Death And All His Friends' e está na internet, em caráter oficial, desde sexta-feira passada. Através do MySpace da banda (www.myspace.com/coldplay), é possível ouvir o disco inteirinho, de graça - só não dá para baixá-lo. O CD chega amanhã às lojas de todo o mundo. Traz dez faixas, todas assinadas pelo grupo.

Com produção de Brian Eno (o ex-Roxy Music que trabalhou em projetos eletrônicos e esquisitos, como The Passengers, com o U2), 'Viva La Vida' é o trabalho mais complexo e rico em composição e harmonia do Coldplay, e por isso mesmo, o mais indigesto para o ouvinte comum dos ingleses. As baladas assobiáveis de 'A Rush' foram substituídas por conceitos abstratos, viagens etéreas e sonoridades pesadas.

Aqui, o grupo toma o mundo com as mãos, literalmente. A capa é a reprodução do quadro ‘Liberdade Guiando o Povo’, do francês Eugène Delacroix (1798 - 1863). O título é em espanhol e pode muito bem fazer referência ao diário de Frida Kahlo e há músicas que fazem referência a Londres (“Cemeteries of London”) e Japão (“Lovers in Japan”). Globalização é isso aí.

O Coldplay vive uma espécie de crise da meia-idade artística. Com dez anos de carreira, repete um fenômeno vivido pelos conterrâneos Radiohead há algum tempo. Estes, depois da obra-prima 'OK Computer' (1997), deram ao mundo um álbum perfeito, sombrio e hermético ('Kid A', de 2000). A crítica “cabeça” elogiou, mas os fãs ficaram sem entender nada. ‘Viva La Vida’ não chega a ser tão fechado, sequer perfeito. Mas é sombrio e difícil. Os fãs vão preferir ouvir os velhos hits.

Quem quiser conferir a matéria original pode acessar a edição digital do jornal na internet. O link está ao lado.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Eu pago, tu pagas, ele não paga!

Enfim, chegou 'King Of The Blues', caixa com quatro CDs do rei B. B. King.

Não é rei à toa.

Comprei na Second Spin (www.secondspin.com/music/product-detail.jsp?id=815134) porque estava pela metade do preço da Amazon. Saia por módicos 25 dólares. E ainda me dava frete grátis para a Paraíba! Eu disse Paraíba!

Uma pechincha.

O fato é que quando chega no Brasil, 40 dias depois do pedido, eu ainda tenho que ir na Receita Federal tirar os CDs.

Para piorar, ainda tenho que pagar 60% de imposto. Nada contra pagar impostos. Se é lei, a gente tem mais é que cumprir mesmo. O que eu acho esquisito é cobrarem de uns, e não de outros.

Para pedidos abaixo de 50 dólares, geralmente CDs e DVDs, nossa Receita Federal deixa passar. É assim em qualquer Receita, da Paraíba, do Rio de Janeiro, de Pernambuco pelo que relatam os amigos.

Mas não comigo.

Mas com imposto e tudo, o box de B. B. saiu bem em conta. Como chegou hoje, posso dizer que foi o melhor presente de Dia dos Namorados que eu me dei. Ah, eu me amo! Hehehehe.

Mas fico chateado com essa história de uns pagarem por outros. É, porque se eu pago imposto e outro não paga, é claro que eu tô pagando por nós dois. E a lei não é para todos? Nesse caso, o que é levado em conta? Apenas o humor do fiscal no dia? Se ele saiu de casa chateado, 60% de imposto. Se tiver chovendo, 60%. É melhor eu consultar a previsão do tempo com Marcela antes de pegar qualquer pedido na Receita, não é mesmo?

Ouvindo "The thrill is gone", começo a pensar no imposto que eu pago, tu pagas, ele não paga.

Não dá para pensar muito no Brasil, né? Se a gente pensar nas leis, no Lula e no imposto que eu pago, tu pagas, ele não, a gente pira, né?

Acho que é por isso que no Brasil as pessoas só pensam em futebol, bebem pra caralho, Campina Grande tem 30 dias de São João e o carnaval de João Pessoa tem o dobro de dias.

Vou ali ouvir "The thrill is gone".

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Eric Clapton atirou no xerife, mas no deputado não! Sei...


Acabei de chegar do shopping. Fui comprar o presente da namorada... acabei comprando um pra mim também. Hehehehe.

Peguei um DVD do Eric Clapton, ‘Live In Hide Park’ - tava baratinho.

Enfim, eu tenho algo do velho Clapton que o povo adora adorar. Na verdade, já tinha um único CD dele, que é o que ele canta somente Robert Johson.

Eu gosto de blues. Mas de Eric Clapton não.

E porque que alguém que não gosta de um artista compra um DVD dele? Ainda mais nesses tempos de pirataria, baixar de graça na net, etc., etc., etc?

Para ter certeza que não gosta, oras! E ter aquele sensação sádica de que jogou dinheiro fora. Mas talvez eu não seja assim tão dramático.

Eu gosto de blues. Gosto muito. Mas eu acho Eric Clapton um charlatão. Ainda mais quando ele pousa de bluesman. Nesse show, ele canta muitos clássicos (“Hoochie coochie man”, “Every day I have the blues”), mas dá uma estranha sensação de que ele se apodera do que não é dele.

Ah, no repertório rola “I shot the sherif”, de Bob Marley. Reggae. Vá lá… ele atira no xerife, mas no deputado também, viu?!

O blues não é a praia desse cara.

É diferente, por exemplo, quando Steve Ray Vaugh subia ao palco. O blues fazia-lhe pulsar as veias a cada acorde.

Eric Clapton não.

Não sei o que aconteceu lá atrás que ele se infiltrou no meio e ganhou respeito. E muita gente compra o cara como “deus da guitarra” até hoje.

Prefiro meus santos: B.B. King, John Lee Hooker e até Ike Turner, que de tanto bater em Tina, deve estar mesmo é no inferno a essas horas, mas a música que ele deixa é divina.

Ah, e, claro, Robert Johnson que, diz a lenda, fez um pacto com o capeta para alcançar o Reino dos Céus. Que caminho mais esquisito. Varei...

Mas Eric Clapton é superestimado.

Você pode até discordar comigo - e com certeza vai - mas o blues não é para virtuose. O blues é mais alma do que técnica.

Por favor, ensinem isso para esses meninos de granja.

Eu até curti ‘Live In Hide Park’. Acho legal para receber os amigos, botar no som e tomar uma cerveja. Mas nada mais que isso.

E assim, encerro minha - até certo ponto volumosa - discografia de Clapton: um CD (de covers) e um DVD (de blues).

É o bastante.

Contos de horror

Tenho ouvido histórias horripilantes a respeito de imóveis. Pilantragens, falcatruas, malcaratismos, desonestidade e uma penca de adjetivos para negociações escusas. Imobiliárias que são verdadeiras casas do terror, corretores sanguessugas que deixariam Drácula se mordendo de inveja, vendedores que são mais cruéis do que o doido lá de ‘Jogos Mortais’...

Quem se ferra é sempre o comprador.

Mas... Tenho ouvido histórias horripilantes a respeito de imóveis. Pilantragens, falcatruas, malcaratismos, desonestidade e uma penca de adjetivos para negociações escusas. Imobiliárias que são verdadeiras casas do terror, corretores sanguessugas que deixariam Drácula se mordendo de inveja, vendedores que são mais cruéis do que o doido lá de ‘Jogos Mortais’

Quem se ferra é sempre o comprador.

MAS... domingo eu vi ‘O Orfanato’, filme de assombração produzido na Espanha. Tive medo.

Mas o que me dá calafrios de verdade é o mercado imobiliário.domingo eu vi ‘O Orfanato’, filme de assombração produzido na Espanha. Tive medo.

Mas o que me dá calafrios de verdade é o mercado imobiliário.

domingo, 8 de junho de 2008

Richard Cheese

Bem, a pedidos, irei postar com alguma freqüência dicas de discos, filmes, blogs, sites e tapiocas na orla de João Pessoa por aqui.

Hoje está rolando no som do carro um sujeito chamado Richard Chesse. Ele transforma sucessos do U2, Radiohead, 2 Live Crew, Michael Jackson, Slipknot, Metallica, Green Day e essas figurinhas pops, em estandartes classudos, jazzisticos e elegantes.

Em algumas faixas, ele faz uma certa graça, brinca, e leva a coisa para a piada.

Aí está "Welcome to the jungle", do Guns N' Roses. Mas vela à pena catar algumas coisas no Youtube para conhecer o camarada e, de repente, procurar uns MP3 por aí.

Em busca da mosca da cabeça branca

Comprar apartamento tá uma loucura em João Pessoa.

No ponto mais oriental das Américas, prédios residenciais são erguidos com uma velocidade extraordinária, em todas as partes da cidade.

Cabo Branco, Manaíra, Bessa e Bancários são os mais procurados. Cabo Branco com o metro quadrado passando os 3 mil reais. Talvez bem mais. Manaíra também está por aí. Bessa tem para todos os gostos, de 80 a 800 mil (metro quadrado lá ta coisa de 1,5 mil) Bancários - até o ano passado, um bairro classe média, média e baixa - já tem condomínio de luxo com apartamento de 90 metros quadrados por 170 mil reais. Na planta, viu?

A especulação tá batendo na canela. E, pelo que falam, o povo anda comprando bastante - e nem todos com o patrocínio sempre generoso da Caixa Econômica Federal.

E pensar que, há pouco mais de um ano, o metro quadrado no Bessa estava menos de mil reais. E nos Bancários, um bom apê de 90 metros quadrados não saia por mais de 50 mil.

Há seis meses tenho procurado um teto. Um teto que tenha sanca, um luste legal, varanda, dois ou três quartos, cozinha, prédio com elevador, de preferência acima do quarto andar, guarita 24 horas, por menos de 100 mil.

Essa é minha missão na Terra neste momento. Mas como disse um amigo, estou à procura da mosca de cabeça branca. Será?

Aula às 08 da madrugada de domingo. E tá chovendo

Tá chovendo pra caramba. São 07h30 da madrugada e eu acordo para ir à aula. Aula no domingo. Que poxa.

Tenho 32 anos, edito o caderno de cultura de um dos maiores jornais diários de João Pessoa, Paraíba, presto consultoria em comunicação, consultoria em arte, cultura e entretenimento na Fundação Espaço Cultural da Paraíba, faço pós em Redação Jornalística, estudo cibercultura, coleciono DVD originais (sim sou um ser em extinção), vou casar em novembro e procuro apartamento para comprar.

Imagine o dia-a-dia de um cara assim.

Reunião de pauta, pautar equipe, bater crítica do disco novo de Chico César, programar o Oi Blues By Night, dar entrevista pra revista de shopping, sair para visitar apartamento na zona rural do Bessa, entregar documento na Caixa, comprar presente do Dia dos Namorados, comprar presente pra Toinho, assistir aula de 08h às 18h (no sábado!), ir para velório, ter paciência na Epitácio Pessoa, dar um beijo na mãe, convencer Lilian que não dá para comprar um cachorro de 1.200 reais, fazer trabalho de Novas Tecnologias, ler Pierre Lévy, ver as Crônicas de Nárnia, dar pitaco na lua-de-mel, nas flores da decoração, comer, dormir, fazer xixi...

Uma vida assim merece um blog, não merece?

Sejam bem-vindos, divirtam-se, reflitam e comentem.