domingo, 29 de junho de 2008

Apartamentos aptos para morar

Bom dia, domingo!

Agora, depois de melhorar da gripe e, finalmente, assoar o ouvindo na base de medicamentos, eu voltei a minha disposição habitual. Voltagem completa. Mas até sábado, meu ouvido esquerdo estava completamente tampado. É uma sensação bem esquisita essa de não conseguir ouvir graves, médios e agudos.

E foi numa manhã de sábado que eu fui atrás de apartamentos aptos. para morar!

Mas a jornada começou numa... decoradora!

Quer um conselho: não invente de casar, pelo menos dessa maneira de véu, tulipas, mesa de cafezinho, balada para os amigos e whiskey importado e sair procurando apartamento para comprar, tudo junto, e ao mesmo tempo. Não faça isso. Dá muito trabalho e vai se tornando uma coisa muito chata. E acredite: procurar apartamento é muito legal... nos primeiros três dias. Depois de seis meses e algumas dezenas de apartamentos, você enche o saco.

Fui a decoradora porque Lílian estava lá, pegando um orçamento. É um papo extraterrestre para mim: tulipa, árvore francesa, cristais swarovski e gérberas. As únicas palavras que eu consegui distinguir ali foram: bonequinhos dos noivos. Acho que são aqueles que ficam em cima do bolo, não?

No momento seguinte, eu, Lílian e dois corretores já estávamos discutindo sobre tampas de vaso sanitário em plena obra de um prédio que está em acabamento numa região central de João Pessoa.

Me diga quem diabos emenda papo sobre gérberas, a importância de Maysa para a música brasileira (ao som de ‘Canecão Apresenta Maysa’, que rolou no carro, entre a decoradora e a imobiliária) e tampas de privada em menos de meia-hora?!

Aliás, me diga quem diabos ouve Maysa, dentro de um carro, rodando por João Pessoa, numa manhã ensolarada de sábado??!!! (e com o ouvido esquerdo tampado!)

Enfim, comprar apartamentos não é para: a) amadores; b) ansiosos; c) deslumbrados e, descobri muito a contra-gosto, d) lisos como eu!

Como já falei em textos anteriores, o mercado imobiliário João Pessoa tem passado, de um ano para cá, um boom de preços que não pára de subir.

Lembro que recebi dois jornalistas pernambucanos para um café-da-manhã de negócios em março do ano passado. Um deles tinha acabado de comprar um pequeno apartamento no Recife e quis saber como andava o mercado aqui. Eu falei que com 80, 100 mil reais, ele iria morar bem, apê de 110 metros quadrados, em bairro bacana de João Pessoa. Seis meses depois daquela conversa, ele já teria que desembolsar, pelo menos, 150 mil para um apartamento assim e hoje, por 100 mil, você só consegue apartamentos velhos, caquéticos ou então novos, daqueles de três andares (os chamados caixõezinhos), sem elevador, com vizinhos fazendo churrasco na sua porte e ouvindo (argh) “Chupa que é de uva”, enquanto você sobe quatro lances de escada com a feira na cabeça.

Eu e Lílian somos bem exigentes em relação ao lugar que a gente vai morar. Afinal, a gente tá deixando o conforto dos nossos lares para morar em qualquer muquifo? Não vejo muita lógica nisso. Morar num lugar onde as pessoas se sintam bem é fundamental. Não precisa ser o Taj Mahal ou a mansão do magnata William Hearst (que inspirou o clássico Cidadão Kane, de 1941), o casebre de 26 mil metros quadrados colocado à venda dia desses pela bagatela de 165 milhões de dólares.

O problema é que, por 100 mil reais, tá difícil encontrar: a) um apartamento do quarto andar para cima (e olha que de 2 quartos já está valendo); b) um prédio com aparência legal (e olha que a gente nem se importa de bancar um condomínio um pouco mais salgado); c) que seja bem localizado (tenha um mínimo de infra por perto, para quando o carro der pau); d) Tenha uma vizinhança legal, com o mínimo de gente sem noção (ítem importantíssimo); e) não seja um forno, tenha ventilação e eu não precise desidratar fazendo a faxina no sábado) e f) tenha elevador. Piscina, sauna, academia, bosque com maçãs verdes, gnomos no jardim e lagos com peixinhos dourados estão dispensados).

Dar uma bolada num lugar onde você vai morar pelos próximos 10, 20, 50 e, oxalá, 100 anos, e ainda passar boa partes desses anos bancando isso, requer uma análise minusciosa do que você tá comprando. Imóvel não é aquilo que você volta na loja no outro dia e diz que quer o seu dinheiro de volta. Por isso, eu e Lílian somos bem exigentes e temos aprendido bastante com essas visitas aos mais diversos prédios de João Pessoa.

Algumas observações nesses seis meses de procura:

1) Todo corretor subestima a capacidade do comprador. Não sei, mas tenho a impressão que isso acontece com mais freqüência com jovens casais que vão às imobiliárias de jeans, camiseta e carta de crédito da Caixa Econômica na mão.

2) Todo corretor quer, ou lhe vender um apartamento 40 mil mais caro do que o que você tem na mão, ou lhe vender o apartamento que você não quer de jeito nenhum.

3) Todo corretor, por mais legal, divertido e inteligente que possa parecer, quer sempre vender o gato por lebre. Aquele apartamento que é “o” achado, ele já ligou pro irmão, primo, amigo, vizinho, o diabo a quatro avisando. Assim, ele vai te levar para os que ninguém mais quis, e de tanto você ver do mesmo tipo, acaba fechando no “menos ruim”. Nessa, eu não caio.

4) Mas, claro, todas essas observações valem para mim, que só posso comprar até 100 mil. Se você tiver 200 mil, ai já vai encontrar, mesmo nas mãos dos corretores, ótimos apartamentos em João Pessoa. Outra boa opção (que estamos levando em consideração) é comprar o apartamento na planta. Mas tenha cautela e leve muito em consideração a construtora, no sentido de que você vá receber o apartamento tal qual foi vendido. Nessas circuladas, vi muita construção abandonada e histórias de construtoras que deram no pé.

5) Por outro lado, tem uns poucos e bons corretores, e acaba rolando uma afinidade tão legal que eles passam, realmente, a ficar de olho num achado para você. Seja gentil e atencioso com os corretores que lhe forem assim também, nem tenha medo de ficar amigo dos que lhe parecerem bem confiáveis.

6) Os classificados de jornal são a melhor opção, atualmente, para quem tem carta de crédito. O mercado é dinâmico e as pessoas que botam seus imóveis para vender não procuram sites, ou blogs, ou mandam cartinhas para quem tem cadastro na Caixa. Vão, pessoalmente, aos bons e velhos jornais comprar os tijolinhos dos classificados.

Mas, como diria um velho sindicalista que tornou tudo isso que vocês leram impossível para a classe média trabalhadora, a luta continua, companheiro!

3 comentários:

Aventuras de LegionFu disse...

uma verdadeira AULA esse seu post sobre a procura do apartamento perfeito... :) Pasei por isso dez anos atrás e tô nessa novamente...
Boa sorte a nossa procura, então...
Ah, PARABÉNS pelo blog, tô me divertindo bastante com seus textos e informações...
Abraço e Força sempre!

Flaviana disse...

Querido padrinho, você é um santo!!!
por essas e por outras eu e dadado achamos mais prudente alugar e depois contruir nossa casinha com direito a gnomos no jardim, peixinhos dourados e tudo mais.
Ja nos preparativos p festa, é uma delícia!!!! Não sei se essa sensação é so da noiva, mas é ótimo!!!!!!
Só não desista da bixinha!
xêro

Anônimo disse...

Kkkkkkkkkkkkk... Adorei esse texto! Fiquei rindo sozinha aqui em casa só de imaginar a situação. O pior é que essa situação existe mesmo. Mas seja otimista e paciente no final tudo sairá como planejaram, se Deus quiser! Agora em relação aos detalhes da festa... acho que é mal dos homens não se identificarem com isso. Se você conversar 10 minutos com Jr saberá do que estou falando. Kkkk... e olha que só fiz um levantamente de valores. Hei! Pode ter certeza que sou uma leitora assídua do seu blog. Bjinhos