sábado, 28 de fevereiro de 2009

Eu twitto, tu twittas, ele twitta...

Depois que Ricardo Oliveira – que por estas semanas tem nos dado o prazer sempre leve, antenado, disposto e inteligente de colaborar com a produção do Vida & Arte – me convenceu de que o Twitter não é só aquela coisa de dar satisfação a namorada/mulher de onda está, com quem está e o que está fazendo, eu resolvi aderir.

Assim, no dia 27 de fevereiro de 2009, comecei a o que chamam de “twittar”.

24 horas depois, digo-lhes, meus 4 leitores – sim, descobri que são 4... são esses aí do lado, que “me seguem” (a palavra da moda na internet) – que o Twitter funciona para mim mais como leitura do que como produção de texto.

Vi que o Twitter se divide em dois grupos: os que gostam de ser “seguidos” e os que gostam de “seguir”. Como jornalista, me dou por satisfeito pelos que me “seguem”, “leem”, “acompanham” e “interagem” através do Jornal da Paraíba ou aqui mesmo, neste Meu Blog.

Assim, não me dá tanto prazer escrever um espaço de 140 caracteres, quando tenho toda a liberdade do mundo em um blog e até uma liberdade textual mais ampla no jornal.

Mas, quem por ventura resolver me seguir também no Twitter, vai encontrar dicas de músicas, filmes e tecnologia, e observações sobre o cotidiano de quem acabou de casar e, assim, entrar para o time dos “com camisa”.

Mas prefiro ficar no grupo dos que gostam de “seguir”. E novamente é o jornalista quem fala mais alto. Como fonte de notícias, achei fantástica a possibilidade de alguém esta postando informações em tempo real, tipo “O prefeito levou um tiro”, depois “Não, a bala pegou só de raspão”, e mais adiante, “Não, não era o prefeito, era o dono da padaria” e, assim, construir a notícia, de fato, em tempo real, tal qual chega a uma redação de jornal impresso.

Mas vou logo avisando: o exemplo acima, embora totalmente plausível, eu ainda não encontrei no twitter nada parecido.

Por outro lado, todo mundo que (lá vamos nós de novo...) “twitta” ativamente é um produtor de informação, de opinião, de entretenimento. Será curioso e valioso conseguir reunir o maior número de “twitters” de João Pessoa para, desse modo, ter um panorama geral do que acontece na cidade naquele momento.

Ok. Agora vamos “twittar”!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Vá ao cinema (e me chame)

Isso é raro de acontecer: as quatro estréias deste fim de semana, em João Pessoa, me interessam bastante.

Veja quais são:

Operação Valquíria
Clique aqui para ir ao site oficial




Coraline e o Mundo Secreto
Clique aqui para ir ao site oficial




O Lutador
Clique aqui para ir ao site oficial




Sexta-Feira 13
Clique aqui para ir ao site oficial



Divirtam-se!
.

Herbert, dos Paralamas, pensa em se mudar para João Pessoa

Neste sábado, publiquei no Jornal da Paraíba a entrevista que fiz com Herbert Vianna e Bi Ribeiro sobre o disco Brasil Afora. Para minha surpresa, Herbert disse que pensa em vir, um dia, morar aqui em João Pessoa, capital da Paraíba.

Aqui vai uma informação de bastidor: perguntar se Herbert gostaria de vir morar em João Pessoa, cidade onde nasceu - mas também só fez nascer e sair correndo, como se diz no popular -, se tornou pauta obrigatória toda vez que eu entrevistava o vocalista dos Paralamas do Sucesso, principalmente depois do acidente e, mais ainda, nos últimos tempos.

De uns anos para cá, passada aquela euforia do retorno de Herbert aos palcos, que durou até o disco ao vivo de 2004, eu vi o vocalista de uma das bandas que eu mais gosto, que eu acompanho desde o comecinho, lá atrás, simplesmente perder o brilho nos olhos. Coisa que vem se acentuando de uns dois anos para cá.

Bem, pelo menos esta é a visão de quem está vendo os Paralamas lá de baixo, no público, na geral, e vê um Herbert cansado. E olha que eu vejo, pelo menos, uns dois shows dos Paralamas por ano, seja em João Pessoa, onde moro, Recife, aqui pertinho, ou Natal, ou em festivais que cubro, para usar a palavra do momento, "Brasil afora"! E sempre procuro ir até os bastidores arrancar alguma declaração para os jornais, como se eu fosse o carinha do filme
Quase Famosos - tenho matérias publicadas sobre o Paralamas tanto no Jornal da Paraíba, quanto em O Globo e O Jornal do Brasil.

Mas também pode ser que Herbert só estivesse cansado das mesmas coisas. Pode ser que a nova turnê dê ânimo ao nosso conterrâneo.
Quando Herbert pegou o telefone, na tarde da última quarta-feira (11), ele estava bem animado, brincalhão, fazendo sotaque nordestino e falando "oxente bichinho" a todo instante. Ao final, pediu que eu reservasse um espaço na matéria para publicar que ele mandava beijos e abraços para a família na Paraíba. Infelizmente, o espaço limitado do jornal impresso não permitiu que isso acontecesse... mas aqui está registrado.

Aqui vai a matéria que saiu no jornal. Logo em seguida, a crítica que fiz para o disco e publiquei na mesma edição.


O Brasil colorido dos Paralamas

Por: ANDRÉ CANANÉA

O calor do verão brasileiro é a fonte de inspiração do novo trabalho dos Paralamas do Sucesso, Brasil Afora (EMI). Mais leve e “pra cima” que os dois anteriores, o disco reflete uma fase mais “relaxada” do trio carioca. “Com os dois primeiros discos depois do acidente – Longo Caminho (2002) e Hoje (2005) -, a gente queria mostrar que estávamos vivos e ativos, mas estávamos todos naquela tensão. Agora a gente relaxou. Pelo menos pensando agora, vendo o disco feito. Entre os três, é o disco que fluiu mais fácil”, conta o baixista Bi Ribeiro, por telefone.

Em 2001, o vocalista Herbert Vianna sofreu um acidente de ultra-leve em Angra dos Reis que o deixou paraplégico e com perda da memória recente, além de ter vitimado, fatalmente, a esposa Lucy. A deficiência de Herbert, no entanto, não o impediu de continuar compondo letras e arranjando músicas com Bi e o baterista João Barone. Das onze faixas do CD, oito têm letra de Herbert e música dos três Paralamas.

“Herbert escreve direto. Vive com caneta, papel e um gravadorzinho. A gente vai pela estrada afora e ele está sempre compondo. São todas músicas de dois anos para cá”, confirma Ribeiro. “Herbet esta se entendendo mais com ele mesmo. Esta mais consciente. Ele teve os danos cerebrais, mas tem melhorado muito. Este disco é reflexo da melhora de Herbert”.

Uma das músicas compostas pelo vocalista, “Mormaço”, foi inspirada em João Pessoa, cidade natal do músico. “Eu comecei a escrever a música aí em João Pessoa, mas vim terminar aqui no Rio. Eu fiquei superalegre em conseguir manifestar, pela minha cidade natal, o bem que ela me faz”. A letra, um tanto controversa (leia crítica na página 4), traz a participação de outro ilustre paraibano, Zé Ramalho. “Zé Ramalho gostou muito da divisão da música, de forma que não tem aquela coisa de cantor convidado, mas uma troca natural entre a gente. Assim, ele cantou com aquele sorriso de Zé Ramalho e isso fez muito bem a gente”, comenta Herbert, também por telefone.

Herbert, por outro lado, manifestou a vontade de morar na Paraíba. “Um dia desses, a minha filha do meio, Hope, me sacudiu e falou: -Pai, vamos menos para Inglaterra e mais para a Paraíba. Ela me disse isso olho no olho, com seriedade e muita vontade. Porque eu levei meus filhos para João Pessoa e quando eles se deram conta da temperatura do mar, do sabor do sorvete de mangaba, do carinho das pessoas, da amplitude da nossa família aí, isso tudo provocou um vulcão emocional no coração deles e aquilo me comoveu de uma maneira muito tocante. E volta e meia, ela me diz: - Então, pai, quando a gente vai de novo a João Pessoa?!”, declarou.

Com isso, o músico admite que pensa em vir morar em João Pessoa. “Eu já considerei essa ideia. E não só pelo fato de que as minhas crianças se entusiasmam a respeito, mas pela velocidade e a integração do país, que está reduzindo a zero as diferenças regionais em termos de acesso à cultura, canais de informação e qualidade de vida, coisas como ter muito mais qualidade no deslocamento, no acesso à escola... tudo isso, eu comecei a pesquisar e abri portas para que, em algum momento, quando me ocorrer um clique de que as condições estejam dando luz verde, eu adoraria viver em João Pessoa”.
Brasil Afora, o 12º disco de estúdio da banda, levou dois anos para ficar pronto. O trio começou a trabalhar no álbum em 2007 e esperava gravá-lo ainda naquele ano. Mas a agenda de shows e a turnê com os Titãs (que passou pelo ‘Fest Verão’ Paraíba no mês passado) adiaram o projeto para o meio de 2008, quando o grupo partiu para Salvador (BA) e gravou o disco no estúdio de Carlinhos Brown.

“Um dia a gente foi ensaiar com Brown para a turnê Paralamas-Titãs no estúdio dele. O estúdio é o maior barato, um salão enorme, sem divisão da parte técnica com o instrumental. Um astral danado, cheio de instrumentos pendurados em todo o canto. A gente pensou: -Poxa, a gente poderia gravar aqui. Além do mais, era aquela coisa de sair de casa, se concentrar em uma semana e gravar tudo de uma vez. Gravamos 80% lá e depois voltamos para o Rio para botar teclados, metais e terminar o disco”, revela Bi Ribeiro.

Brown não emprestou apenas o estúdio, mas também a voz e duas músicas (“Sem mais adeus”e “Quanto ao tempo”). O disco também tem parceria do produtor Liminha com Arnaldo Antunes (“A lhe esperar”).

JP CRÍTICA
Um disco ensolarado

Por: ANDRÉ CANANÉA

Inspirada sim, homenagem, nem tanto. O calor e a pobreza de João Pessoa são ressaltadas na letra da música “Mormaço”, que acompanha o colorido encarte de Brasil Afora (EMI, R$ 25, em média). Logo, se você imaginava que a música de Herbert Vianna, dedicada à cidade natal do vocalista, era a nova “Meu sublime torrão”, esqueça. A canção não é exatamente o que os nativos da cidade gostariam de ressaltar numa cidade de mar azul e ruas tão arborizadas.

Entretanto, a delicadeza do arranjo, cuja sonoridade remete à obra do convidado Zé Ramalho, pode revelar, nas entrelinhas, uma cidade que resiste, imponente, a tantas adversidades. E é muito provável que daqui a alguns meses, quando a nova turnê passar por João Pessoa, pessoenses cantem junto o refrão.

Brasil Afora, em seu conjunto, é tudo aquilo que os Paralamas vêm falando: um disco pra cima. Mais, é um Paralamas legítimo, que retoma os tempos de Bora-Bora e Big Bang, sem nada a acrescentar ou suprimir. É apenas o bom e velho Paralamas do Sucesso, com direito a novos hits, como a versão que Herbert fez para “El amor después del amor”, de Fito Paez, que virou apenas “El amor”, e o reggae “Quanto ao tempo”, de Carlinhos Brown e Michael Sullivan, este um dos maiores hitmakers dos anos 1980.

Curto (o CD dura pouco mais de meia hora) e de faixas curtas (média de 3 minutos), o astral dá as caras logo no começo. “Meu sonho” (de Herbert), “Sem mais adeus” (novamente de Brown, agora com Alain Tavares) e “A lhe esperar” (assinada pelo produtor do disco, Liminha, em parceria com Arnaldo Antunes), que tem muito metal (o sax e o trombone sempre bem colocados de Monteiro Jr. e Bidu Cordeiro), é a trindade que exala ska, dub e reggae e aqueles ritmos latino-americanos que marcaram a fase de maior sucesso dos Paralamas.

Depois, o álbum alterna entre rock, balada, mais reggae e até timbres nordestinos. Mas fique tranquilo: Brasil Afora é quente como as praias do Nordeste e delicioso como um côco gelado. Um disco que evoca os Paralamas que a gente gosta.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Paralamas: ouça a música que Herbert fez para João Pessoa

Está chegando às lojas 'Brasil Afora', o novo disco dos Paralamas do Sucesso.

Entre as 11 faixas, uma é uma música que Herbert fez em homenagem à João Pessoa, cidade onde nasceu. Ela se chama "Mormaço" e traz a participação de outro paraibano, Zé Ramalho (que não chega bem a ser de João Pessoa, mas de uma pequena cidade do interior, Brejo do Cruz).

Ainda não ouvi o CD - que acabou de chegar às minha mãos.

Mas compartilho com vocês a letra e a audição de "Mormaço". Espero que vocês gostem.

"Mormaço"
(Letra: Herbert Vianna/Música: Herbert Vianna/Bi Ribeiro/João Barone)

Está lá ao deus dará
Na costa da Paraíba
Na barcaça em Propriá
E a ferrugem nessa trilha

Não circula nem o ar
No mormaço da miséria
Quem luta pra respirar
Sabe que essa briga é séria

Dá um laço e lança o sal
Passa ao largo em João Pessoa
Tece a vida por um fio
Desce ao rio e fica à toa

Dentro ou distante do mar
Num país tão continente
Tanta história pra contar
Nas quais se conta o que se sente

De onde foge, pr’onde vai
Nesta vertigem de cores
O que falta e o que é demais
Quais seus mais ricos sabores

Dá um laço e lança o sal
Passa ao largo em João Pessoa
Tece a vida por um fio
Desce ao rio e fica à toa

Por ti tento acender
Outra luz em nossa casa
Lembro que sempre sonhei
Viver de amor e palavra
Powered by beta.joggle.com

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Guerra em cores (vivas!)

Domingo, publiquei uma página do Vida & Arte do Jornal da Paraíba sobre Waltz With Bashir. Não sou afccionado por animações, nem sou um grande especialista. Mas gosto de poucas e boas - entre eles O Estranho Mundo de Jack, Ratatouille, Wall-E, A Festa dos Monstros Malucos, A Viagem de Cihiro e Metropolis de Osamu Tezuka, para citar alguns.

Tenho na coleção muita coisa da Disney, alguns animes e quase tudo da Pixar. Realmente, esses desenhos exercem um facínio especial e eu diria, até, diferente dos filmes de gente de carne e osso.


Waltz With Bashir, para mim, vale mais como um filme documentário do que como uma animação. Muita embora boa parte do impacto deste filme seja mesmo as cores vivas. Mas, tanto num terreno, como noutro, é um filme que gostei bastante e se levar o Oscar, leva bem.

Abaixo, posto o que saiu no Jornal da Paraíba de domingo (8), seguido do trailer do filme, mais um texto adicional, que publiquei como box da matéria, com 10 sugestões de animações.


Guerra em Cores
André Cananéa
(publicado originalmente no Jornal da Paraíba de 08/02/2009)

Até que ponto o termo “desenho animado” soa como algo infantil para você?! Se até uma ou duas décadas atrás, só Mickeys, Pato Donalds e Pinóquios chegavam à superfície e se permitiam passar na tela grande ou dentro dos lares das famílias ocidentais – sim, porquê do outro lado do mundo, o modo com os desenhos animados eram vistos já era bem diferente – hoje, os tempos, definitivamente, são outros.

Na era da Pixar – que produz animações tão inteligentes e divertidas que seria por deveras reducionista chamá-los apenas de infantis – e das animações computadorizadas (as chamadas CGIs, usada em larga escala em filmes com gente de carne e osso), os desenhos animados deixaram de ser apenas “animados” para se tornarem longas-metragens de animação, às vezes, tão ou mais importantes que filmes “de verdade”.

Um filme de animação que acaba de ser fincado como um dos pontos importantes da história da animação se chama Waltz with Bashir, numa tradução literal, “Valsa com Bashir”. O longa do diretor Ari Folman vem conquistando prêmios, respeito e admiração por onde passa e desde já é cotado para levar um Oscar no próximo dia 22, mas não o de Animação e, sim, o de Melhor Filme Estrangeiro.

Até agora, Waltz with Bashir já arrebatou os prêmios de Melhor Filme Estrangeiro no Globo de Ouro e no Britsh Independent Film Awards. Levou Melhor Animação pela Associação de Críticos de Los Angeles e Palma de Ouro em Cannes. Neste domingo, concorre a Melhor Filme Estrangeiro pelo Bafta, o Oscar inglês. Se levar no Oscar, ficará em pé de igualdade com filmes como A Vida é Bela, Indochina, Cinema Paradiso, O Discreto Charme da Burguesia e A Noite Americana, entre tantos outros.

Waltz with Bashir é uma produção israelense, em associação com a Alemanha, França e Estados Unidos. Trata-se de um documentário autobiográfico onde uma parte importante – e triste – da história do Líbano é recriada. O ponto de partida é o próprio diretor e roteirista, Ari Folman. Antes de se dedicar à sétima arte, Folman havia servido ao exercito. Tinha 19 anos. E como soldado, lutou contra na Guerra do Líbano, em 1982, um massacre que não poupou nem mulheres, nem crianças.

A guerra começou quando Bashir Gemayel, um dos principais comandantes das Falanges Libanesas, milicia cristã de extrema direita apoiada por Israel, fora assasinado, em 14 de setembro de 1982, supostamente por guerrilheiros palestinos. O “troco” resultou em uma das piores matanças da história.

Acontece que esse episódio simplesmente sumiu da memória dele. O filme registra a busca de Folman por suas lembranças perdidas. Ele recorre a amigos, ex-combatentes e até psicólogos para tentar lembrar e reconstituir, em aproximadamente 80 minutos, a brutalidade da guerra. O filme mistura depoimentos reais com reconstituições e uma “cola” de ficção.

O diretor israelense usou a rotoscopia, mesma técnica utilizada em filmes como Waking Life e O Homem Duplo, títulos bem conhecidos nas locadoras. Sobre a filmagem de gente de verdade, é aplicada uma camada colorida, vibrante e de traços simples. O resultado, especialmente em Waltz..., é deslumbrante. A valsa de cores não ameniza a brutalidade dos crimes, dos delírios e dos pesadelos de Folman. Há cenas de extrema violência, nudez e brutalidade. Um universo nu e cru visto pelas cores de um sobrevivente.

Apesar de circular livremente pela internet em boa cópia e até legendas em português, Waltz with Bashir ainda não estreou no Brasil – nem sequer tem titulo oficial. A previsão é que chegue aos cinemas em 10 de abril.



10 animações para adultos que você precisa conhecer

1 - Persepolis (Idem, França, EUA, 2007) - Outro exemplo de animação autobiográfica sobre os conflitos no Oriente Médio. Este longa indicado ao Oscar 2008 de Melhor Animação é baseado nos quadrinhos homônimos de Marjane Satrapi. Ela conta suas lembranças de quando viveu no Irã e na Austria. Saiu em DVD no Brasil.

2 - As Bicicletas de Belleville (Les Triplettes de Belleville, França, Bélgica, Canadá e Reino Unido, 2003) - Esta simpática animação francesa ganhou duas indicações ao Oscar 2004. É uma dos melhores filmes de animação europeu disponíveis no Brasil. Conta a historia de uma vovozinha que sai em busca do neto, um ciclista sequestrado enquanto fazia o Tour de France.

3 - Homem Duplo (A Scanner Darkly, EUA, 2006) - O perturbador conto de Philip K. Dick ganhou esta versão em rotocópia estrelada por keanu Reeves (foto), um espião que investiga o envolvimento dos amigos com uma tal Substância D. Disponível em DVD no Brasil e bem fácil de achar.

4 - Waking Life (idem, EUA, 2001) - Também em rotocópia, filme estrelado por astros como Julie Delpy e Ethan Hawke narra encontros de um jovem com várias pessoas, regados a longas conversas sobre os vários estados da consciência humana e discussões filosóficas e religiosas. É bastante cultuado, tem edição caprichada importada e simples no Brasil.

5 - Fritz, The Cat (idem, EUA, 1972) - Ícone da contra-cultura inspirado na obra do cultuado Robert Crumb, Fritz já foi considerado o primeiro longa de animação pornô da história. Entre gatos, porcos, corvos e outros bichos, há muito papo sobre sexo e drogas e muita viagem. Saiu no Brasil em DVD, mas hoje está fora de catálogo.

6 - Heavy-Metal - Universo em Fantasia (Heavy-metal, Canadá, 1981) - Baseado na fantástica (num sentido bem amplo) revista em quadrinhos, este clássico pop da animação mistura fantasia, ficção científica, nudismo, e claro, muito rock pesado, sob o traço de alguns dos mais populares desenhistas da época. Dá para achar em DVD.

7 - Os Segredos e Aventuras de Tom Thumb (The Secrets Adventures of Tom Thumb, Reino Unido, 1993) - Obscura e esquisita animação que mistura stop-motion com pixilation (técnica onde as pessoas são fotografadas quadro-a-quadro), é uma aventura surreal (no sentido Bunuel de ser) para fãs de Eraserhead. Importado.

8 - Aeon Flux (Idem, EUA, China, 1991) - Produzida pela MTV americana, com o diretor de animação sul-coreano Peter Chung, é uma das mais intrigantes séries de ficção científica, cuja reputação foi imaculada pela insossa versão para o cinema estrelado pela bela Charlize Theron. No Brasil, uma caixa compila toda a série.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Música Urbana

A Música Urbana é uma loja de discos usados no Centro de João Pessoa. Tornou-se, também, o ponto de encontro de músicos, colecionadores e meros ouvintes de música pop.

É a nossa Championship Vinyl.

Eu, além de habitué do lugar, tenho um carinho enorme pela loja e uma profunda admiração por Robério Rodrigues, o nosso "Rob".

A admiração vem pela coragem de Robério de ter largado um emprego estável para se aventurar no comércio de discos, enfrentar a derrocada da indústria fonográfica e resistir à crise mundial e sustentar a pequena loja do centro da cidade já há 10 anos.

Ontem, foi lançado no Youtube, um documentário sobre os 10 anos da loja. Assinado por Jesuino Oliveira, traz depoimentos dos frequentadores da Música Urbana - eu, inclusive - e números com bandas que passaram por lá.

O documentário tem duas partes e você pode vê-los logo abaixo, depois de um texto que publiquei em 18 de maio de 2006 para o Jornal da Paraíba, que acabei de resgatar.

A nossa Championship Vinyl
André Cananéa

A Música Urbana é a Championship Vinyl de João Pessoa. Você leu/viu Alta Fidelidade, não?! É... o livro de Nick Hornby (que ganhou uma adaptação para o cinema em 2000) sobre um cara que tem uma loja de discos e cinco foras homéricos no currículo.

Bem, não sei quantos foras o nosso Robério Rodrigues levou na vida, mas ele é o nosso Rob (vivido na tela por John Cusack).
Viu só, até os nomes coincidem!

Ok. Você nunca ouviu falar no “Alta Fidelidade”. Então lá vai uma sinopse: Rob é um sujeito que tem uma loja de discos no subúrbio e quase meia-dúzia de relacionamentos mal-sucedidos. Adora fazer listas com as “cinco mais” qualquer coisa (músicas, livros, filmes e, claro, foras) e passa seus dias na companhia de dois funcionários, o tímido e sensível Dick e o tresloucado Barry.

O livro pode ser encontrado em qualquer livraria, e o DVD, dirigido por Stephen Frears (diretor de “Ligações Perigosas”), tem em praticamente todas as locadoras e ainda nas promoções dos grandes magazines.

Definitivamente, Robério é o nosso Rob. É fã dos Smiths, R.E.M. e Radiohead. De segunda a sábado, sai de casa, pega um ônibus e abre a loja, que fica próxima ao antigo cinema Municipal, no Centro de JP.

À tarde, chega Flaviano André (que está mais para Dick do que para Barry). Um fã de Belle & Sebastian (tal qual o personagem de Hornby) que tem uma banda de rock. Ao longo do dia, recebem toda sorte de figuras: gente para comprar, para saber das novidades do mundo da música pop ou apenas para passar o tempo.

Eles estão sempre lá. Camisetas do Slipknot, do Sonic Youth, do Coldplay. Uns entram com skate. Outros com CDs do Metallica, querendo trocar pelo novo do System of a Down. Outros chegam procurando discos do Mudhoney que nem sequer saíram no Brasil. Outros querem alguma coisa do Cramps, do Elvis, dos Beatles.

O mundo moderno, infelizmente, está acabando com lugares como a Música Urbana. Lá é um ponto de encontro de fãs de rock, colecionadores de discos, jornalistas, músicos... todo mundo aparece por lá – principalmente nas manhãs de sábado.

Gente que namora os vinis empoeirados da loja. Gente que faz plantão à espera que alguém despeje por lá uma raridade pouco conhecida. Gente que sabe o valor do encarte de um CD.

A geração “iPod” não está muito preocupada com isso. Nem em sair de casa para conversar sobre a influência do Led Zepellin sobre o White Stripes. Ou que bandas legais havia em Seattle além do Nirvana e do Pearl Jam. E se o fazem, é via MSN, ora bolas.

É uma galera que não reconhece o valor da arte de uma capa de disco. Às vezes, não sabe nem o que é um “encarte”. Não compartilha da magia de manusear um disco. De abrir a caixinha de acrílico e retirar o pequeno livreto, onde estão as letras das músicas e algumas fotos. Às vezes, milhares delas.

É uma galera que só conhece nomes de arquivo com extensão .mp3 e, no máximo, enxerga a capinha digitalizada, em formato diminuto, num gerenciador chamado “iTunes”.

Essa galera passa longe da Música Urbana. Quando muito, frequentam as grandes redes (que ainda não chegaram aqui), com seus milhares de discos e equipamentos que permitem que você ouça trechos do CD apenas com a leitura do código de barras. E com seus coffees shops frios e impessoais. Nada do aconchegante astral da Música Urbana, que mesmo em escaldantes tardes de verão – refrigeradas por cansados ventiladores nas paredes – ainda resguarda a comunhão de pessoas que fazem da loja do Robério, a Igreja Hendrixiana do Sétimo Acorde (coisas do Láuriston). Amém!





segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Gil para ministro da Cultura (dos Estados Unidos, claro!)

Uma das entrevistas que eu mais gostei de fazer foi com Gilberto Gil, na semana retrasada. Acontece que dois assuntos que abordamos na entrevista acabaram ganhando relevancia na semana que passou, de modo que a entrevista, publicada domingo passado no Jornal da Paraíba, acabou saindo quente, pegando fogo.

Os fatos fora: a reabertura da fábrica de discos PolySom, no Rio de Janeiro, e a petição de Quincy Jones para que Obama crie a Secretaria Nacional das Artes, espécie de Ministério da Cultura dos Estados Unidos. E advinhe só de quem foi a idéia dessa tal secretária...

Gil faz show em João Pessoa, quero dizer, Cabedelo (Jacaré Pop, na Praia do Jacaré), nesta quinta-feira (5).

Aqui, vai a íntega do materia publicado no jornal. Abaixo dela, a entrevista do Gil.


Gil traz de volta os grandes sucessos

Por: ANDRÉ CANANÉAEm 2001, Gilberto Gil subiu ao palco do Maior São João do Mundo, em Campina Grande, para fazer um show. Foi a última vez que ele pisou em um palco na Paraíba. Ou quase, já que o cantor e compositor baiano voltaria em dezembro daquele mesmo ano para uma pequena participação no show que a dupla Sandy e Júnior fez nas areias de Tambaú, em João Pessoa. Mas na Capital, Gil não se apresenta desde 1987. E é para matar as saudades do público que ele sobe ao palco do Jacaré Pop (que, a bem da verdade, é em Cabedelo, região metropolitana de João Pessoa) na próxima quinta-feira, a partir das 22h, numa grande festa pelos 16 anos da rádio Cabo Branco FM.

Houve um tempo em que Gil vinha regularmente a João Pessoa e Campina Grande. Chegava a passar temporadas nessas cidades, com quatro, cinco shows numa única semana. “João Pessoa marcou muito minha carreira desde o inicio, no Teatro Santa Roza...” (...) João Pessoa era uma cidade que eu ia praticamente todo ano”, recorda o cantor e ex-ministro da Cultura, por telefone, em entrevista exclusiva (leia o bate-papo na íntegra, na página 3).

Gil passa por João Pessoa numa curta excursão pelo Nordeste. Daqui, vai à Recife (7) e Aracaju (13). No show, passa em revista os grandes sucessos da carreira, incluindo músicas do novo Banda Larga Cordel. “É um show de verão, pra cima”, comenta. Fazem parte do repertório “Andar com fé”, “Realce” e “Toda menina”, entre outras. “Eu escolho repertório em função de coisas que marcaram presença junto ao público”, comenta. “Tem coisas de várias épocas, coisas recentes que começam a criar expectativa junto ao publico. É uma coisa de retrospectiva, com sucessos e músicas que chegaram ao ouvido e ao coração do publico”.

Formada por integrantes do Lírios do Gueto e Clã Brasil, a banda Só Coisa Fina (veja matéria na página 5) vai abrir a noite com repertório sofisticado de MPB.

  • 91.5 leva fãs ao camarim de Gil
Já pensou em ganhar ingresso para o show e ainda dar “aquele abraço” no Gil? Essa é a proposta da Cabo Branco FM, na mais nova promoção da rádio. A Cabo Branco vai levar três ouvintes ao camarim de Gil na noite do show, quinta-feira.

Para participar da promoção ‘Aquele Abraço’, basta enviar um e-mail para gil@cabobranco.fm.br ou clicar no banner da promoção no portal Paraíba 1 (www.paraiba1.com.br) e responder por que você merece dar um abraço no grande Tropicalista baiano. As três melhores respostas ganham ingressos e abraços de Gilberto Gil.

“A Cabo Branco FM não poderia comemorar de maneira mais feliz seus 16 anos de existência. Como uma rádio que sempre apostou em uma programação de qualidade, Gil tem lugar de destaque e poder tê-lo nessa comemoração é um privilegio”, diz a gerente de programação da radio, Edilane Araújo.

Com uma programação refinada e repertório apurado, a Cabo Branco também escolhe com esmero as promoções que abraça. Antes de Gil, a rádio havia promovido, nesse estilo, um encontro entre os ouvintes e a cantora Marisa Monte, em janeiro de 2007.


Gil inspirou criação do ‘MinC’ dos EUA

Por: ANDRÉ CANANÉA

O renomado produtor e arranjador norte-americano Quincy Jones tem feito campanha junto ao presidente Barack Obama pela criação de um órgão federal voltado à Cultura, uma espécie de Ministério da Cultura (MinC) de lá. Em toda a história americana, nunca ouve um órgão que cuidasse de políticas públicas para a cultura, como acontece no Brasil e em outros países.

Nesta entrevista concedida ao JORNAL DA PARAÍBA, o cantor e compositor e ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil, revela que há um ano deu a ideia a Quincy Jones. Gil também fala sobre tecnologia e a volta dos antigos LPs.

- Você não se apresenta por aqui desde 1987. Algo especial para o show da próxima quinta-feira?
- Ainda não sei... vontade de fazer um carinho a gente sempre tem. João Pessoa é uma cidade muito importante, que marcou muito minha carreira, marcou momentos de desenvolvimento do meu trabalho desde o inicio, no Teatro Santa Roza... Eu tenho varias lembranças daí, de quando eu conheci Sidney Miller (compositor carioca, morto em 1980). João Pessoa era uma cidade que eu ia praticamente todo ano.

- Você é um artista antenado com as novas tecnologias. Salvador, sua cidade, tem se destacado como um polo de estudos sobre as novas tecnologias. A cidade exerce alguma influência sobre você, nesse aspecto?
- Na época do ministério (MinC), eu até fui procurado por pessoas que tinham interesse em transformar Salvador nesse polo de novas tecnologias. Mas eu não diria que, nesse sentido, Salvador impulsiona em mim esse gosto pela tecnologia. Na verdade, eu não sei de onde vem...

- Assim como Caetano, você também vai mergulhar na blogosfera, escrever blog ou coisa parecida?
- Eu sou um usuário muito moderado do uso da internet. Sou mais um estimulador. Eu adoro o fato da internet ter um potencial extraordinário e gosto muito de estimular a aproximação do publico com a internet e é isso que eu venho fazendo. Eu sou um apologista da internet, dos seus usos e da exploração criativa dela. Talvez eu venha a fazer (blog) em um momento qualquer, explorar a blogosfera de modo mais intensivo. Meu site e todos os elementos utilizados no meu trabalho, da internet, do ciberespaço, têm uma interação. Artisticamente, e usando os elementos que cercam o meu trabalho, aí eu tenho uma presença razoável e uma produção intensa. Mas pessoalmente, não.

- Nessa mão e contra-mão da tecnologia, temos de volta os velhos LPs. Na época em que você era ministro, houve uma tentativa de reabrir uma fábrica de discos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro (a Poly Som, reaberta esta semana pela DeckDisc)...
- ... na época do ministério, houve uma tentativa de tombamento que garantisse a permanência da fábrica e estimulasse interesses, investimentos para que a fábrica se mantivesse, se expandisse, se desenvolvesse e atendesse a nichos, tanto dentro quanto fora do Brasil – e eles até já tinham começado a tratar com mercados na Argentina e até na Holanda – e eu deixei isso encaminhado no ministério, mas não sei em que pé anda.

Você é um entusiasta dos LPs?
Não, não. Eu tenho muitos LPs, pelo menos uns dois mil, mas que vêm do tempo que a gente ouvia os LPs e aí ficou como coleção. Estão guardados, mas eu não escuto os discos. Outro dia eu até ganhei uma vitrolinha, mas eu mal tenho tempo de ouvir um CD ou outro, imagina um LP.

- Agora em fevereiro, álbuns de Chico Science e João Bosco voltam às prateleiras, remasterizados, mas só em LP. Nessa onda dos relançamentos, você não pensa em lançar seus discos novamente em vinil?
- Para eu chegar e tomar uma posição dessas, seria preciso que eu tivesse um cotidiano mais próximo do vinil. É o que a gente estava conversando, eu não sou um cultivador desse gosto pelo vinil. Para que eu decida fazer relançamentos em vinil, seria preciso haver uma demanda para isso e eu não acredito que haja essa demanda hoje. Pode até haver no futuro e, no momento em que houver, eu posso até pensar nisso. (pequena pausa) A gente está indo na outra direção, na direção das novas tecnologias. Migramos do vinil para o CD, agora do CD para o MP3, para as lojas eletrônicas, para a música a granel. Pelo menos do ponto de vista de atenção, eu estou mais atento a este campo aqui do que ao retrô.

- Os jornais americanos dão como certa a criação, por parte de Barack Obama, de uma espécie de “ministério da cultura” nos Estados Unidos. A idéia teria partido de Quincy Jones. Como nós sabemos que você é bem relacionado ao renomado produtor americano, teria havido qualquer tipo de incentivo da sua parte para a criação desse “MinC” americano?
- Eu cheguei a conversar com Quincy Jones, quando ele esteve aqui em fevereiro (do ano passado). Não só como ele, mas com outras pessoas também, como o (ministro) Mangabeira Unger (não por acaso, ex-professor de Obama em Harvard) que tinha vontade de sugerir ao Obama a criação de uma instituição cultural no governo, algo equivalente ao Ministério de Cultura, que nunca houve no governo americano. A gestão das questões culturais, do ponto de vista de políticas publicas, sempre ficou a cargo das entidades privadas, das grandes fundações. Nunca houve, nos Estados Unidos, como lá na Europa e em muitos países, a tradição do ministério ou da secretaria nacional de Cultura.

- Então o Quincy Jones foi o porta-voz dessa idéia?
- Tomara que sim (risos). Tomara que, além dele ter me escutado, ele tenha se convencido dessa necessidade e tenha sedimentado isso com Obama.

- O que você elege como mais importante de sua passagem pelo Ministério da Cultura?
- Como conceito, uma mobilização mais ampla dos setores populares para compartilharem a vida cultural brasileira. Não só de fruição, mas também mais cinema, mais teatro, mais espaços populares, casas de cultura, todas essas coisas, mas também no sentido de produção, com novas possibilidades, setores populares produzindo e distribuindo sua cultura. Também tivermos o trabalho clássico junto aos patrimônios históricos, museus e o esforço de revitalização da Funart. Mas eu diria que o mais importante foi essa coisa de tentar criar uma mentalidade em relação aos setores populares.