quinta-feira, 3 de julho de 2008

Música patrocinada


A Trama foi a primeira gravadora "oficial" a aderir ao modelo de "discos patrocinados".

O disco novo de Tom Zé (foto) está disponível para download, com capiinha e tudo, totalmente de graça aqui. Quem banca é a VR Benefícios.

Abaixo, um texto que eu fiz sobre esse disco novo para o Jornal da Paraíba.

Ontem, o Jornal da Globo trouxe uma matéria muito legal sobre o tema. Veja aqui.

Novo disco de Tom Zé sai primeiro na web para download gratuito
Publicado originalmente no Vida & Arte do Jornal da Paraíba de 22 de junho de 2008. Autor: André Cananéa. Foto: Mila Maluhy/divulgação

A indústria fonográfica experimenta, com uma freqüência cada vez maior, modos alternativos de lançar álbuns de grandes artistas. E tudo pela internet. No ano passado, o Radiohead colocou seu novo disco na web para o ouvinte pagar o que quisesse. Depois, Gilberto Gil e Coldplay disponibilizaram seus álbuns para audição, inteirinhos e de graça. O Metallica anunciou esta semana que venderá seu próximo disco, Death Magnetic, em “pacotes” contendo músicas para download e até os velhos LPs. Agora chegou a vez de Tom Zé.

O músico baiano estréia o projeto ‘Álbum Virtual’ da gravadora Trama, que em novembro faz dez anos. Pelo projeto, eu, você ou qualquer pessoa, baixa Danç-Êh-Sá Ao Vivo de maneira legal, com qualidade, capa, letras, selo e ainda material bônus, como vídeos, sem desembolsar um centavo por isso. Tom Zé será remunerado pela VR Benefícios, patrocinador do disco.

“O tempo de permanência do álbum de Tom Zé na web será de três meses”, anuncia João Marcelo Bôscoli, presidente da Trama, que completa: “A Trama continua lançando os discos no formato físico. Mas como sempre acreditamos desde o começo, nossos tempos são multiformatos. Nós temos o CD, o DVD, o vinil e o formato digital, além dos celulares e os players dos arquivos digitais de música”.

A escolha não poderia ser mais apropriada. Tom Zé é afeito a colocar em prática os conceitos da cibercultura. Mostrou-se à frente desses novos tempos ao disponibilizar, junto com seu CD de 2000, Jogos de Armar, um disco bônus para que o fã pudesse recriar, a seu gosto, as músicas do álbum. Estava sintonizado com que os teóricos chamam de “a cultura do remix”.

Aos 71 anos de idade, Tom Zé lança um disco que não existe no meio fixo. “Eu venho de antes do vinil. Meu primeiro formato foi o cafezinho que eu dava para o músico ir tocar lá em casa. Depois veio o serviço de alto-falante e depois uma radiola que apareceu em Irará (BA) em 1957 para depois vir o vinil, o CD e agora o álbum virtual”, conta, por telefone ao JORNAL DA PARAÍBA. “É a sensação de ter saído da Idade Medieval para um tubo que, ao invés de ser a morte, é uma vida nova”, sintetiza.

Tom Zé teve sua primeira experiência com downloads no ano passado, através de páginas de artistas independentes. “Foi assim que conheci a Malu Magalhães”, exemplifica. Mas daí a ver tropicalista andando pelas ruas com um iPod são outros quinhentos. “Eu tenho horror à música”, rebate. “Como eu me considero o pior compositor do mundo, ouvir música, para mim, causa inveja”.

O baiano explica que trabalha no limite entre a música e o ruído. “A música que se compõe nos dias de hoje é a coisa mais cansativa do mundo”, opina.

No novo tabalho, ele apresenta a antítese da canção. “São músicas sem letras”, define. Danç-Êh-Sá Ao Vivo é experimental. Tom Zé brinca com fonemas e com a sonoridade dos instrumentos. “Esse disco tem a intenção de fazer uns buracos no tempo, onde a música acontece, e esses buracos parecerem espaços. Aqui, eu trabalho a dinâmica”, define. “E mesmo sendo um disco sem letras, nunca escrevi tanta letra política e social como neste disco sem palavras”.

Para ter o álbum novo de Tom Zé, é só acessar www.albumvirtual.trama.com.br, fazer um cadastro gratuito e baixar para o computador.

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