Versos de “Powerslave” ainda ecoam na minha cabeça, depois de dormir 4 horas e chegar na redação para trabalhar. Mas tiro um tempinho para dividir com vocês a experiência que é assistir a um show de uma banda de heavy-metal do peso do Iron Maiden.
Primeiro, show de rock pesado é, ao contrário do que você pode imaginar, um lugar de paz e adoração. Isso mesmo, um evento quase religioso que eleva a alma. Existe uma relação entre o guri que passa horas trancado no quarto, degustando riffs, letras e harmonias de um tipo de som sinfônico, que exige virtuosidade e ótimos vocalistas, e a banda que propicia isso para ele.
Com 35 anos de estrada, algumas mudanças na formação, mas nenhuma interrupção nesse tempo, o Iron conseguiu fazer essa gurisada acompanhar seus passos. Assim, o show de Recife, como era de se esperar, reuniu até três gerações de fãs: vovôs, papais e filhinhos. A garotada cantou junto a seleção que hoje habita PCs e iPods. Mas o Iron fez um show foi mesmo para os tiozinhos que compraram discos e camisetas nos anos 1980.
O Iron Maiden encerrou, em Recife, o braço brasileiro da turnê Somewhere Back in Time, shows baseados no disco Live After Death (1985), com alguns “plus”: além dos clássicos daquele álbum (lançado em DVD duplo, no ano passado): incluiu as músicas “Wasted years” e “Evil that men do” dos discos Somewhere in Time (1986) e Seventh Son of a Seventh Son (1988), mais o hit “Fear of the dark”, do álbum homônimo de 1992 (o clipe da música, alias, teve alta rotatividade na MTV e, por isso, é mais conhecida da geração 90).
Portanto, foi um show com músicas para cantar junto. E o publico cantou... e chorou também. Músicas que evocavam em trintões e quarentões, a nostalgia de quem era adolescente nos anos 1980 e tinha um pôster do Eddie (o mascote zumbi da banda) no quarto.
Vi muito cabeludo de camisa preta cair aos prantos quando a banda tocava “The Trooper” e “Run to The Hills”. Eu mesmo senti um arrepio na nunca e os olhos marejados quando a banda começou “Wasted years”. Somewhere in Time foi meu primeiro disco do Iron Maiden, quando era apenas um jovenzinho. Me senti aquele crítico gastronômico Ego, de Ratatouille, voltando à infância ao degustar aquele prato do ratinho Ramy.
Enfim. O show foi impecável. O som estava bom e meus cinqüentenários heróis não fizeram feio. Bruce Dickson falou que o Iron lança um disco de inéditas no ano que vem e que em 2011 voltam a estrada, com vontade de passar pelo Brasil de novo.
Amanhã, o Jornal da Paraíba traz a cobertura do show, com texto meu e mais fotos de Felipe Gesteira (que gentilmente cedeu as fotos que estão aqui).
Confira aqui o set list do show:
Aces HighWrathchild
Two Minutes to Midnight
Children of The Damned
Phantom of The Opera
The Trooper
Wasted Years
Rime of The Ancient Mariner
Powerslave
Run to The Hills
Fear of The Dark
Hallowed Be Thy Name
Iron Maiden
(bis)Number of The Beast
Evil That Men Do
Sanctuary
p.s.: "Always looking on the bright side of life", da comédia A Vida de Brian, do Monty Python, foi o "expulsa-galera" quando o show acabou. Muito bonitinho ver os que conheciam a música assoviarem a melodia enquanto saiam lentamente do Jockey Club,
Um comentário:
Não fui ao show (como você sabe), mas fiquei arrepiada com a tua descrição. Senti como se eu também fizesse parte da galera nostálgica, revivendo o Iron Maiden da década de 80 (mesmo que nessa época eu ainda estivesse nascendo). Sou tua fã, cara! (hihihi)
Ah! Só fiquei triste porque o gostosão do Bruce Dickson (hein?) deixou de usar roupinhas femininas de ginástica e se fantasiou de saco de lixo com urubu! Vôte...
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